Vida e Obra de Marques de Oliveira
Figura incontornável do panorama artístico português João Marques de Oliveira (1853–1927) destacou-se como pintor, professor e defensor da modernização do ensino artístico em Portugal. Com uma carreira marcada por uma profunda ligação à cidade do Porto, à Academia Portuense de Belas Artes e ao Museu Nacional Soares dos Reis, o seu legado estende-se para além da produção artística, refletindo-se também na formação de gerações de artistas e na promoção de uma estética naturalista no país.
Natural do Porto, nasceu a 23 de agosto de 1853. Desde cedo revelou uma notável aptidão para o desenho, que o levou ingressar com apenas onze anos na Academia Portuense de Belas Artes. Em 1869, matriculou-se no curso de Pintura Histórica, destacando-se como aluno de João António Correia.
Em 1873, conseguiu uma bolsa do Estado para estudar em Paris, onde frequentou a École des Beaux-Arts, orientado pelos mestres Alexandre Cabanel e M. Yvon. Na capital francesa, contactou com diferentes correntes artísticas, como o naturalismo da Escola de Barbizon e o Impressionismo. Presenciou a importante retrospetiva de Corot em 1875 e visitou exposições de artistas impressionistas, experiências que viriam a marcar o seu percurso estético.
Entre 1876 e 1878, viajou por países como Bélgica, Holanda, Inglaterra e Itália. Durante a sua estadia em Roma, conviveu com artistas portugueses como Artur Loureiro. Regressou a Paris no final de 1878, onde concluiu o curso com a obra Céfalo e Prócris.
De regresso ao Porto em 1879, foi nomeado Académico de Mérito da Academia Portuense de Belas Artes. Nesse mesmo ano iniciou uma nova etapa, marcada pela introdução da Pintura ao Ar Livre em Portugal, ao lado de Silva Porto. Em 1880, participou na fundação do Centro Artístico Portuense, e em 1881 integrou a fundação do Grémio Artístico. A partir de 1886, assumiu o cargo de diretor da Escola de Belas Artes do Porto, onde deixou uma marca profunda como docente.
Em 1913, deixou a direção da Escola de Belas Artes do Porto para assumir o cargo de diretor do Museu Nacional Soares dos Reis. Manteve-se ativo no meio cultural até 1926, ano em que se retirou por motivos de saúde. Faleceu no Porto, a 9 de outubro de 1927.
Apesar de, por vezes, ter sido menos compreendido pela crítica do que outros contemporâneos, Marques de Oliveira manteve-se fiel à sua visão artística.
No Museu Nacional Soares dos Reis é possível admirar algumas das obras mais representativas de João Marques de Oliveira, como “Praia de Banhos – Póvoa de Varzim”, “Céfalo e Prócris”, “Areinho” ou “Retrato de Silva Porto”.